São Paulo – A indústria brasileira precisa de engenheiros para continuar crescendo. Com um ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) entre 5% e 6% ao ano, a demanda do Brasil é de cerca de 60 mil engenheiros por ano. O problema é que o país forma apenas 32 mil profissionais por ano.
“É por isso que hoje a indústria primeiro contrata o engenheiro e depois pergunta o que ele sabe fazer. A disputa é acirrada”, constata Paulo Afonso Ferreira, diretor-geral do Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Ele participa do workshop Tecnologia e Inovação: Desafios na Formação de Profissionais de Engenharia para o Século 21, promovido pelo IEL e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em São Paulo.
No mundo globalizado, em que a inovação encurta cada vez mais o tempo de acesso da população aos novos produtos e serviços, o engenheiro é fundamental. O alerta é de Lueny Morell, gerente de programa do Escritório de Estratégia e Inovação da Hewlett-Packard, que também participa do workshop.
Ela lembra que o automóvel demorou 55 anos para ser acessível a 25% da população norte-americana, o telefone levou 35 anos, o rádio 22 anos e o computador pessoal, 16 anos. Mais recentemente, a internet precisou de sete anos para alcançar os mesmos 25% da população daquele país. O Facebook, maior rede de relacionamento do planeta e serviço típico da economia digital, levou apenas 12 meses.
Nesse ambiente de rápida transformação, o Brasil tem de formar cada vez mais engenheiros qualificados. É uma tarefa difícil, uma vez que há apenas 400 escolas de engenharia e 2.200 cursos de graduação na área. O mais grave, no entanto, é que não há demanda para preencher a baixa oferta de vagas nos cursos de engenharia. Das 197 mil vagas anuais oferecidas, 120 mil são ocupadas.
Somente um em cada grupo de 800 alunos do ensino fundamental inicia um curso de engenharia. Além disso, problemas como alto custo das mensalidades, falta de laboratórios e oficinas e escassez de prática, entre outros, desestimulam os estudantes e elevam a evasão. Por isso, o Brasil só forma 32 mil engenheiros por ano.
O país perde feio na comparação com os outros membros do grupo BRICs (Brasil, Rússia, índia e China). A China forma 400 mil engenheiros por ano, enquanto a Índia forma 250 mil e a Rússia, 100 mil. A Coréia do Sul é citada como paradigma para o Brasil, porque promoveu a revolução da educação voltada para a engenharia e a indústria. Hoje o país forma 80 mil engenheiros por ano.
“Não é à toa que o PIB dos países asiáticos representava menos de 20% do total mundial há 30 anos e hoje equivale a 40%. As empresas coreanas disputam mercado de igual para igual no mundo, inclusive no Brasil”, aponta Luiz Scavarda, professor da PUC/Rio e membro do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea).
O workshop promovido pelo IEL, com o apoio da CNI e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), continua amanhã e quarta-feira, sempre das 8h30 às 18h00, no escritório da CNI em São Paulo. A programação da terça-feira prevê as apresentações de conferencistas internacionais, como Jochen Litterst, da Universidade Técnica de Braunschweig (Alemanha), Erik de Graaff, da Universidade Aalborg (Dinamarca), Wonjong Joo, da Universidade Nacional de Tecnologia de Seul (Coréia do Sul).
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Matéria publicada na íntegra no site abaixo e indicada para leitura pelo Diretor Acadêmico do Campus Araranguá – Prof. Amir Antônio M. de Oliveira Jr: http://www.cni.org.br/portal/data/pages/FF8080812A7DEC2C012AA0EE591D64C2.htm